a ninfa se esconde limitada
numa floresta emoldurada.
sátiro lhe persegue, lhe desfere
violências em tapas, sexo e palavras.
nesse quadro a pobre coitada
vê-se sem saída: “é a vida!”
mas como pôr-se assim derrotada
se sua força é que o domina?
abra suas asas que é fada
e voa dessa moldura,
linda alada!
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na busca dum atalho
na direção de mim
mergulho neste rio
sei bem a que leva
precipício
caminho que acaba
antes do fim
precisa seguir
ter-se
se reencontrar
sigo neste rio
que não morre
renasce da queda
fênix às avessas
mergulha na vida
na água que salva
leva ao imenso
eterno recomeço
esse caminho
nunca para
extravasa
ama e é amada
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SJC, 21/12/24
olha no meus olhos e nega
nega que me deseja
e com dois dedos
em seu queixo
trago seus lábios
pro meu beijo
nega olhando pra mim
que está afim
de minha mão em seu rosto
suave dentada em seu pescoço
olha pra mim sem perceber
que lhe desejo
e lhe toco trazendo sua mão
enquanto sinto seu calor
sentirá o meu gosto
lhe faço engasgar, meu bem
com seu desdém
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personagens apresentados,
sigamos o poema, esta peça, esta farsa
nem sei quantos atos.
um amor genuíno entre amigos,
amadas, mulheres e fadas.
uma fantasia, uma verdade, uma poesia
pra esse mundo tão carente.
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e as maritacas.
ligação do etéreo poeta com a realidade.
lhe acordam pela manhã bem cedo,
com fofocas e falatório… como falam!
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o rio de águas mansas que parece ter vontade
segue o curso no qual leva sua verdade,
a fé no seu poder e a certeza da liberdade.
a vontade e o amor de viver, que leva o poeta,
o louco e o palhaço, este estranho triplo ser
(que é, que pensa que é e que nem liga em ser),
em seu caminho, que em queda revela fênix de água
em brumas alada, espalha vida, e ama…
amar lhe basta.
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por dentro da moldura que limita o quadro,
além da mulher torturada, o sátiro;
diz-se homem, mas não por completo.
inseguro de si por lhe faltar no caráter
a humanidade, a solidariedade. toda verdade:
companheiro pela metade.
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emoldurada, castrada de seus sonhos,
presa num castelo de torturas abusadas,
acorrentada por um ser disforme, medonho,
monstro que se diz homem, macho, alpha.
a moldura é importante, limita a pobre coitada
mas nem sempre percebe que é limitada.
vamos torcer para que possa abrir suas asas
e se libertar, não como ninfa, que é agora,
mas como fada, por que é linda e alada.
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sim, sou a carta do tarot; o início da jornada.
esfarrapado, pobre, por um cão acompanhado,
tenho muito pouco, uma trouxa, quase nada.
mas tenho meu caminho livre, talvez queda,
talvez enriqueça, encontre a imperatriz ou a estrela,
me torne rei com o carro, quem sabe onde leva a roda da fortuna?
sou símbolo e personagem de uma longa história.
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o circo é o universo, o que há fora;
fora de mim, fora de meu texto,
mas dentro do que me afeta.
cambaleio, às vezes bêbado,
sempre tropeço; sou palhaço.
fora de onde caibo, o picadeiro,
a plateia é sempre a mesma,
antipático nunca aplaude, é louco,
perdido cavalheiro.
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#poesiaErick, #palhaço, #picadeiro
20250108
agora, tomo a palavra, eu poeta;
logo mais será o louco, o palhaço.
invadiremos por frestas, molduras e janelas
mulher única, todas nuas, pura alma.
tomaremos seus corpos, usaremos a língua,
e aos poucos, como se tirado de um poço,
famintos de pele, pelos, clitóris e lábios
nos embriagaremos de seu gozo.
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20250108